Observando a sociedade, percebo, com frequência, o debate acalourado em torno do tema do aborto, muitas vezes sendo debatido por pessoas que tampouco se dispõem a olhar para as raízes do problema.
São diversas sementes que dão origem à questão. Educação, formação, contexto social, impacto de mídia. E a todos esses fatores estamos expostos desde crianças. Como pais e educadores, devemos observar para como tratamos a questão ao educar nossos filhos/alunos.
Os índices de gravidez indesejada só crescem mundialmente, chegando a 64,8 a cada mil nascimentos no Brasil, estando acima da média da América Latina. Conversando com especialistas que estudam o fenômeno, soube de grupos online em que adolescentes trocam informações sobre aborto. E o que mais intriga: a maioria dos adolescentes que trocam informações lá – meninas E meninos – parecem ser de classes mais privilegiadas de acordo com seus perfis e refinamento de linguagem.
Pois é. Eles sabem de muitas coisas que nem imaginamos, não é mesmo? Será que meu filho ou filha pode estar lá interagindo inclusive? Ohhh my!!!
Precisamos falar sobre o aborto.
De acordo com a Folha de São Paulo, brasileiras vão até Portugal em busca de aborto.
Aqui na TalkB4, nosso objetivo não é dar nossa opinião, mas sim fomentar reflexões a partir de dados e fatos. Assim, alertamos a sociedade para reflexões mais profundas.
A opinião é sempre pautada em torno de dados, valores e princípios individuais e por isso, não acredito que haja uma resposta certa ou errada para a questão. Existem diversas verdades em constante mutação. Uma vez que mudamos de ponto de vista, podemos mudar de opinião. E isso é uma das coisas mais incríveis de sermos seres em evolução constante!
Mas sejamos francos: quem de nós não sabe como ocorre uma gravidez? Ou não tem consciência dos riscos à saúde ao se envolver sem proteção?
Em boa parte dos casos, a gravidez indesejada se da devido à inconsequência de ambos (exclui-se aqui casos como o estupro, naturalmente). Tal exposição gera, além de seríssimos riscos a saúde, custos financeiros, morais e sociais muito altos. Isso sem nem falar do custo da consciência, quando se opta por um aborto.
Independente do possível alívio que possa ser sentido por quem o faz (e isso envolve os homem, já que muitos apoiam a mulher a abortar, quando não a incentivam inclusive), não conheço quase ninguém que tenha passado por esta experiência e que depois de alguns anos, não tenha um mínimo de ressentimento consigo mesmo. Me parece quase que como uma eterna “dívida” com algo maior – seja lá o que cada um entender com isso.
O paradigma atual.
O que me assusta na verdade é como muito do que elucidei acima não tem absolutamente nada de novo mas mesmo assim boa parte dos adultos – que, se não passaram por uma situação ao menos próxima dessa relatada, possivelmente conhecem adultos que já passaram – ainda tem tamanha dificuldade para formarem crianças e adolescentes mais bem resolvidos, com uma devida compreensão a respeito do tema.
Pensam que estão educando corretamente seus filhos, sobrinhos, alunos…. quando na verdade ainda há muito tabu por trás desse assunto todo. E assim, sem podermos ter mais liberdade para falarmos com os jovens de forma mais natural sobre tantas consequências, seguimos indignados com os dados críticos mundiais. E o pior: com medo. Constante. Que os próximos sejam nossos filhos.
“Quando vivemos no medo, tendemos a nos esconder. A nos retrair. A nos defender. Vivemos na escuridão. Reagimos sem amorosidade. Sem confiança no próximo e ao redor. Sem confiança acima de tudo, em nós mesmos. É isso que queremos que nossos filhos, sobrinhos, netos e alunos sintam quando chegar a vez deles?”
Cadê a nossa responsabilidade em ação para ajudar nossos jovens a saírem deste círculo vicioso?
Como você tem lidado com tanta complexidade na formação dos futuros adultos? Qual legado deixaremos?
Estamos aqui para te ouvir. E trocar umas figurinhas a respeito.
Se quiser se aprofundar mais no propósito de criar uma geração mais saudável nesse quesito? Confira a nossa temporada “A (des)construção da sexualidade” e compreenda como podemos ajudar uma nova geração de crianças a se tornarem adultos mais bem resolvidos e saudáveis do que qualquer outra geração anterior.
TalkB4. Melhor você. Antes.