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Educação Sexualidade

Números alarmantes de casos de ISTs e gravidez precoce reforçam a necessidade de uma educação sexual ampla

O ensino da educação sexual é crucial para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Ela influencia na consciência do indivíduo sobre o seu próprio corpo e em sua relação com outras pessoas. Nós, da TalkB4, apoiamos uma educação sexual de qualidade e reconhecemos que ela pode evitar uma série de problemas, como a contração de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), gravidez precoce e até doenças psicológicas, como a depressão.

Na última quinta-feira, dia 7 de março, o jornal O Globo repercutiu um vídeo publicado nas redes sociais pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.reportagem destaca alguns trechos da fala do presidente em que ele sugere que os pais rasguem as páginas relativas à educação sexual que constam na Caderneta de Saúde da Adolescente. Bolsonaro critica ilustrações que mostram a genitália feminina e que ensinam a utilizar a camisinha. O jornal ouviu diversos especialistas que se posicionaram contrariamente a esta atitude do presidente, pois ela desfavorece a informação.

Ter conhecimento sobre a importância da camisinha, por exemplo, é fundamental para evitar a gravidez precoce e a transmissão de doenças graves, como a sífilis e a AIDS. A TalkB4 separou alguns dados para mostrar como a ausência de uma educação sexual de qualidade vem gerando prejuízos à saúde, especialmente a dos jovens. Todos os números são fruto de estudos do Ministério da Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas (ONU). Eles foram amplamente divulgados pela imprensa.

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

De acordo com a ONU, hoje são 37 milhões de pessoas atingidas pela AIDS no mundo. Somente no Brasil são pelo menos 880 mil, segundo o Ministério da Saúde. Em média, são 40 mil novos casos por ano em nosso país.

Uma matéria feita pelo G1 em 2018 destacou que em nove anos o número de casos entre a população gay masculina entre 15 e 19 anos quase triplicou. Em 2009 eram 2,4 para cada 10 mil habitantes. Já dados do último ano apontam um crescimento de 6,7 para cada 10mil.

Entre os de 20 e 24 anos o índice mais que dobrou. Em 2009 eram 15,9 para cada 100 mil e em 2018, subiu para 33,1 a cada 100mil. A pesquisa realizada ainda revelou que só 56,6% dos jovens entre 15 e 24 anos utilizam preservativo.

Sífilis:

Os Dados do Boletim Epidemiológico de Sífilis – 2018 também são preocupantes. Publicado em novembro pelo Ministério da Saúde, a pesquisa aponta um aumento no número de casos de sífilis no Brasil. O relato do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) destacou que em comparação ao ano de 2016, observou-se elevação de 28,5% na taxa de detecção em gestantes, 16,4% na incidência de sífilis congênita e 31,8% na incidência de sífilis adquirida.

De acordo com a pesquisa, a taxa de detecção da sífilis adquirida no Brasil cresceu de 44,1/100 mil habitantes em 2016 para 58,1 casos para cada 100 mil habitantes em 2017.

Mulheres, negras e jovens (de 20 a 29 anos) compõem o estrato mais afetado por esta IST no país. Elas representam 14,4% de todos os casos de sífilis adquirida e em gestantes notificados. Na comparação por sexo, as mulheres de 20 a 29 anos alcançam 26,2% do total de casos notificados, enquanto os homens nessa mesma faixa etária representam apenas 13,6%.

Gravidez na adolescência:

Além de consequências relativas à saúde, a gravidez precoce também gera problemas psicossociais. Segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado em matéria do G1, o Brasil possui 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes a cada mil meninas de 15 a 19 anos. Nosso índice está acima da média latino-americana que é de 65,5. A média mundial é 46 a cada mil.

A pesquisa ainda destaca que a América Latina é a única região que apresenta uma tendência crescente de gravidez entre adolescentes menores de 15 anos no mundo.

A gravidez na adolescência pode causar problemas familiares, financeiros e emocionais. Muitas mães costumam abandonar os estudos, fugir de casa devido à repressão familiar e algumas até buscam o aborto clandestino. Elas ainda enfrentam a discriminação social, o abandono do pai da criança, empregos mal remunerados, entre outras complicações.

Talk B4 defende educação sexual ampliada

Citamos alguns destes números alarmantes acima para demostrar como ter uma educação sexual ampliada é algo tão necessário. Não é hora de regredir!

O ensino da educação sexual não deve ser voltado somente para os aspectos biológicos da sexualidade. Uma educação sexual adequada aos nossos tempos deve fortalecer, cuidar e proteger as faculdades criativas e intuitivas das crianças e dos jovens.

Considerar somente os aspectos físicos e biológicos da sexualidade humana é o pior erro que podemos cometer. Abordar o sexo como força criativa, amorosa, intuitiva, misteriosa e bela é o que devemos fazer para evitarmos consequências desastrosas e sociais que, infelizmente, já se mostram visíveis.

É triste que nos deparemos com notícias como esta justamente no mês do Dia Internacional da Mulher. Elas são as mais afetadas pela ausência de uma educação sexual ampla e plural. Mas nós, da TalkB4, esperamos e lutamos para que este cenário seja revertido em breve e que as mulheres possam viver uma outra realidade.

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