Blog

empoderamento feminino
Educação Educação para os filhos Machismo

Empoderamento feminino: qual é o seu papel em torno da educação sexual dominante em nossa sociedade?

By: Cassi Buosi

No dia da mulher, quero falar sobre o empoderamento feminino que existe em qualquer Ser Humano. Qualquer.  Especialmente nos homens. Sábios os chineses, que há milênios reforçam isso, não? Mas o que isso tem a ver com educação sexual nos dias de hoje?

 

Repare em homens héteros bêbados.  São cheios de afeto entre si e não se importam de demonstrarem isso. Seria por que acham engraçado talvez? “Eu estava bêbado?”. Aaah tá. Reproduza essa cena e este contexto para sua mãe.  Vamos ver o que ela – que sim, te conhece melhor do que ninguém- vai te dizer. Possivelmente algo como: “Meu filho, você estava apenas mais pré-disposto a colocar para o mundo o que a sua racionalidade (construída pela nossa sociedade ainda predominantemente machista) lhe barra em situações em que tem pleno controle sobre ela. “The mask you live in“, famoso documentário americano lançado em 2015, já nos embasa bem sobre esta discussão.

 

Empoderamento Feminino X Homens Sensíveis: rumo a uma humanidade mais equilibrada

 

Tive a oportunidade de morar em Toronto,  Canadá, entre 2001 e 2004, e convivi muito na comunidade grega. Cheia de homens “viris e estereotipados”. O comentário básico entre as amigas brasileiras era: “facilmente perceptível que o mote “Deus Grego” faz jus. Quando notei que estes homens, ao menos os “mais amigos”, se cumprimentam com beijo no rosto – entre homens héteros – quase morri. De amor.

 

O que isso tem a ver, mais uma vez com educação sexual nos dias de hoje? Tudo. Há 10 dias atrás, estávamos eu, meu marido e meu filho em um momento familiar e eis que peguei meu extra brilho para passar sobre o esmalte “embaçado”. Meu filho de 4 anos se anima e fala: posso passar, mamãe? – meu marido, totalmente fora de contexto, se antecipa: “Isso é coisa de menina, Kauai!”. Quase morri. De novo. Mas pode apostar que dessa vez não foi de amor. O intimei na hora, lógico (trabalho com isso, né, gente?): “Quem disse?”. E, naturalmente, ele plenamente ciente do meu trabalho, respondeu: “Cá, não exagere. Existe limite, existe clareza.  Esmalte é de menina. E ponto.”. Aaaaaaaaaaaaaa!

 

Meu filho, há 1 mês atrás, em uma situação muito similar, mas sem o pai por perto, quis passar o extra brilho em minha unha. Primeira falha inconsciente de meu marido: nem buscou compreender o contexto antes de “modelar” seu discurso educacional. Segundo, me lembrei na hora que o filho de nossa contadora, um adolescente saudável, também passou esmalte nas mãos outro dia. E sem me estender muito nesse assunto, o que, em princípio, também chamou a atenção da mãe, com um pouco mais de observação e segurando seus ímpetos, ela percebeu que estava tudo bem. Terceiro: meu próprio marido faz “a mão” de vez em quando #prontofalei. Então não precisa nem dizer meu choque com sua virilidade altamente exposta naquela reação impensada e machista. E, olhe, meu marido é considerado por mim e por muitos em nosso entorno como um homem bem contemporâneo e antenado, um homem até sensível.

 

Eu jogava futebol quando era criança.  E havia meninas frustradas do lado de fora da quadra, pois seus pais não permitiam. Eu morria de dó.

 

O que que tudo isso tem a ver com educação sexual finalmente?

 

E por que um homem (ou vários) se incomodam tanto em olhar para a imagem de uma vulva, que não em um contexto “adulto”? Assim como muitas mulheres com seus vieses inconscientes machistas – eu mesma ainda me pego até hoje com alguns pensamentos machistas, trabalho diariamente para me atentar a eles!

 

Será que se esqueceram que por milhares de anos de existência da humanidade saíram de dentro de uma vulva? Ou como será que pensam que chegaram ao mundo? Ao menos seus ancestrais? Que pai, mãe ou educador acredita na cegonha?

 

Empoderamento feminino hoje

 

Na TalkB4, estudamos tudo isso e suas consequências com um olhar muito mais aprofundado, mais sistêmico. Adoro essa frase que a Luciana Fernandes, uma de nossas incríveis especialistas TalkB4, nos faz refletir:

 

“Nossa época necessita de uma educação sexual ampliada. Temos que ter em mente que a educação sexual não pode ser somente uma educação voltado para os aspectos biológicos da sexualidade. Uma educação sexual adequada aos nossos tempos deve fortalecer, cuidar e proteger as faculdades criativas e intuitivas das crianças e dos jovens.

Considerar somente os aspectos físicos e biológicos da sexualidade humana é o pior erro que podemos cometer. Abordar o sexo como força criativa, amorosa, intuitiva, misteriosa e bela é o que devemos fazer para evitarmos consequências desastrosas e sociais que infelizmente já se mostram visíveis.”

 

Então, no dia da Mulher, fazemos questão de homenagear a feminilidade e empoderamento feminino inerente em todo bom Ser Humano. Quando a “mulher” de cada um está bem viva, este Ser tende a ser mais saudável, em paz consigo mesmo. E se a criança interior também estiver nessas mesmas vibrações, que Ser Humano mais pleno é este! São por estes Seres que nós, da TalkB4, zelamos. E buscamos reproduzir e disseminar modelos.

Porque, se não, aí então a mulher se empodera. A tal ponto de hoje ouvirmos de alguns pais em nossas rodas de diálogo que as meninas têm tratado os meninos como se fossem “monstros”, seres desprovidos de qualquer tipo de emoção e sensibilidade humana, que não a sensibilidade “sexual”. E que elas, mega empoderadas, não precisam mais deles. Para nada. Nem para se divertirem afetivamente. Aí então a sociedade tem dificuldade em entender o que está acontecendo com esta nova geração. Nova geração? Quem é mais alucinado que quem gente? Quem são os responsáveis pela devida formação da nova geração???

E você, mulher e mãe, o que tem feito hoje para evitar contribuir com este caos instalado hoje, num futuro próximo ? Como educa seu filhO? E sua filhA? E seu irmãO? E seu companheirO ou pai de seus filhos?

#somostodosresponsáveis #talkB4 #melhorvoceantes

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *