Muitas vezes, a discussão acerca da necessidade da oferta de uma educação sexual ampliada nas escolas é permeada por certos preconceitos e pela desinformação. Dentro deste contexto, se destaca a presença do termo “ideologia de gênero” neste debate. Ele esteve onipresente no discurso de políticos de diferentes espectros no Brasil nos últimos anos. Na maioria das vezes, o termo era utilizado para impedir a discussão sobre a questão do gênero e assuntos relativos à sexualidade nas escolas. Mas será que a ideologia de gênero existe mesmo? Descubra a resposta neste artigo da TalkB4 e saiba como nós podemos te ajudar a abordar temas delicados relacionados ao sexo e à sexualidade da forma adequada!

De onde surgiu a expressão ideologia de gênero?

O termo ideologia de gênero apareceu pela primeira vez nos anos 90 em uma nota da Conferência Episcopal do Peru. Este “conceito”, com sentido pejorativo, foi utilizado para descrever ideias que seriam contrárias à concepção de uma família tradicional. De acordo com a Igreja, este tipo de “ideologia” é baseada na aplicação de atividades que rejeitariam a divisão entre gêneros masculinos e femininos.

No Brasil, a expressão foi popularizada quando foi elaborado um projeto de lei chamado Escola Sem Partido, que tem a bancada evangélica como sua maior defensora. A proposta é a principal bandeira do movimento homônimo surgido em 2004.

Mas o uso desta nomenclatura é carregado de preconceitos e desinformação!

Ideologia de gênero? Vamos focar na oferta de uma educação sexual ampla nas escolas!

Embora o termo esteja no discurso de muitos políticos, o plano de “ensinar” ideologia de gênero nas escolas é fantasia. A expressão costuma ser associada de modo errado a qualquer projeto de educação sexual que promova o debate sobre questões de gênero e orientação sexual nas escolas, além de iniciativas de combate à discriminação. Grande parte da população pensa que ideologia de gênero significa dar aulas de sexo na escola até a distribuição de kits gays, algo que já foi desmentido inúmeras vezes e nunca existiu.

Integrante do time de especialistas da TalkB4, a sexóloga Lívia Leite esclarece que o termo ideologia de gênero não existe!

         “ Não tem como ensinar ideologia de gênero nas escolas porque não existe uma ideologia de gênero. Ideologia vem de uma ideia, um ideal. Como que a gente vai ensinar para as crianças qual é o gênero é o ideal? Não tem como. Atribuem o termo ideologia a muitas coisas e, principalmente, a qualquer tentativa de se falar em gênero ou orientação sexual para combater as discriminações e promover a igualdade. Falar sobre gênero e orientação sexual não significa incentivar ou estimular crianças e jovens a se tornarem homossexuais ou a mudar de sexo, como muitos pensam. Mas educar para ensinar que existem homossexuais e pessoas que não estão contentes no corpo que nasceram. E nós devemos respeitá-las! É muito mais uma educação para estimular o respeito“, enfatizou.

 O que existe são os estudos de gênero, um campo de pesquisa acadêmico que investiga o gênero como um conceito e suas implicações para a construção da sociedade. Estes estudos analisam como a questão do gênero influencia na nossa história, cultura e forma de ver o mundo. Por que determinados papéis são exercidos pelo homem e outros pela mulher?

E um dos objetivos destes estudos também é fomentar uma educação mais inclusiva. Pois, é necessário ensinar educação sexual nas escolas tendo em vista o combate ao preconceito, o respeito à diversidade de gênero e orientação sexual. A escola não vai atuar para que as crianças se tornem homossexuais, mas que respeitem as que forem, por exemplo.

Atualmente, o que há é a necessidade de uma educação sexual ampla nas escolas que seja livre de preconceitos, tabus e desinformação. Uma educação sexual adequada vai além dos aspectos biológicos, ela é interdisciplinar. Conforme foi reforçado neste artigo da TalkB4, uma educação sexual de qualidade deve resgatar o respeito pelas escolhas sexuais, quebrar preconceitos de gênero e reconsiderar fatores religiosos, culturais, repressão sexual, rigidez dos pais e moralidade sexual, por exemplo.O texto ainda ressalta que a ocorrência de traumas na infância e da adolescência causam vários problemas de ordem emocional e física que podem perdurar pela vida toda dos indivíduos.

O que falta para que as escolas consigam trabalhar a educação sexual de forma adequada?

Como é possível perceber, a falta de acesso a uma educação sexual ampla produz uma série de danos para os indivíduos. O resultado disso é uma sociedade repleta de pessoas problemáticas, preconceituosas e intolerantes. Para que possamos evitar esta situação temos que trabalhar este tipo de questões desde cedo. E a escola é parte fundamental nesta tarefa.Tanto os educadores como todo o corpo escolar devem realizar treinamentos, capacitações e se atualizar inclusive sobre o contexto e motivação dos jovens de hoje. Somente profissionais preparados conseguirão trabalhar temas delicados da forma adequada e detectar falácias como a ideologia de gênero.

E é neste sentido que a inteligência coletiva da TalkB4 atua. Trabalhamos na resolução de problemas de comunicação e mediação de conflitos em torno de temas delicados a partir de um olhar integral, sistêmico e coeso. Entre em contato conosco e conheça nossos serviços.