Jovens começam suas experiências sexuais antes dos 18 anos. Está na hora de abordar esse tema com os adolescentes.
Na década de 50/60 as mulheres perdiam a virgindade entre 22 e 23 anos. Em alguns casos até aconteciam antes, mas havia uma expectativa de casamento. Hoje, as meninas iniciam sua relação sexual cada vez mais cedo, entre 13 e 17 anos, muitas vezes sem vinculo afetivo. Outra pesquisa feita Ministério da Saúde em 2006, também revelou que 33% das mulheres entrevistadas haviam tido relações sexuais antes dos 15 anos, o triplo do índice apontado na edição anterior, de 1996.
O Ministério da Saúde mostrou que apenas 61% das pessoas com idade entre 15 e 24 anos fizeram uso do preservativo na primeira relação sexual, sendo que apenas 1/3 da população jovem faz o uso correto.
É necessário conversar com nossos filhos sobre a importância do sexo seguro
O sexo antes da hora também envolve outros aspectos. Do ponto de vista emocional, é um impacto forte que, se negativo, às vezes, segue na vida adulta como qualquer outra violência. O jovem precisa estar consciente dessa decisão. Hoje, muitas vezes o sexo está sendo feito como uma das maneiras de suprir frustrações emocionais.
“Já está comprovado através de estudos feitos em vários países, que a educação sexual ajuda a iniciar a vida sexual quando se sentir já pronto, já mais amadurecido. Comparando-se a idade daqueles jovens que tiveram educação sexual com aqueles que não tiveram, percebeu-se que existe uma diferença de seis meses na média da iniciação na vida sexual, isso significa que os jovens que receberam esse conhecimento aguardam o momento mais adequado“, diz Carmita Abdo.
Então podemos observar que precisamos urgentemente quebrar esse preconceito em achar que a Educação Sexual incentiva o sexo, pelo contrário. De acordo com Carmita Abdo, psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da USP, a Educação Sexual não deve vir depois da relação sexual, mas sim antes. Para que nossos filhos não formem conceitos errôneos da vida sexual. Portanto, há a necessidade de um maior investimento na educação sexual.
‘Educação é o melhor contraceptivo’, mas infelizmente o Brasil tem os piores índices de educação sexual na América Latina. Está na hora de mudarmos esse cenário porque queremos filhos felizes.
Educação Sexual: responsabilidade dos pais ou da escola?
A educação se dá desde o inicio do nascimento da criança. Quando falamos de educação, falamos de informações e conceitos que são passados no nosso dia a dia. Isso inclui a educação da sexualidade e afetividade. Portanto, a educação começa em casa. Inicia-se com a responsabilidade dos pais. Ao mesmo tempo que continua quando essa mesma criança começa a frequentar a escola, o clube, a igreja. A Educação é contínua. Desta maneira a educação sexual é abrangente. Somos todos responsáveis.
A dificuldade do adulto em falar sobre sexo e sexualidade
Esta dificuldade existe. Esse adulto não possui um espaço de conversa sobre o assunto. Muito menos para falar sobre de maneira natural, com segurança, respeito e sem julgamento. Afinal, existem pré-conceitos e paradigmas a serem quebrados. O sexo nos remete ao impróprio, ao pecado, a culpa, a vergonha, ao pervertido. O prazer não é visto como parte integrante da vida.
Falar de sexualidade abrange assuntos que muitas vezes não queremos entrar em contato, porque exige crescimento e expansão do nosso ser. Quando eu falo de sexualidade, eu falo também de amor próprio, afetividade, como eu lido com meu corpo e as imposições da mídia para um corpo perfeito. Quando eu falo sobre sexualidade falo também sobre carência, ciúmes, abandono, julgamento, rejeição, traumas e dores. Falo sobre experiências doloridas que não foram perdoadas, nem por mim mesma.
Por isso é imprescindível que os adultos trabalhem também a si próprios para melhor educar seus filhos e alunos.