Eu lá, com ele no banho outro dia e eis que o bichinho me solta:

“Nossa mamãe, tem um bebê aí dentro é?“ E dá aquela risada gostosa…

E eu com aquela cara, sem saber se ria com ele – de tão natural e sincero que foi – ou se chorava… rs

E então ele completa: “Tá gordinha hein mamãe?!?”.

Oooooooooooooooooooooooooiiiii??? Mal nasceu e já está fazendo bullying?

Sim, gente, eu sei que ele nem sabe o que é bullying. Mas essa é a hora de começar a ensinar um comportamento minimamente adequado e não de rir. Lógico que me deu vontade de rir. Mas se eu dou risada e assim as coisas vão seguindo… o que eu estarei plantando? Pois é… é assim que a compreensão de tudo começa. Com pequenas inocências sendo tratadas como algo sensacional – e o são na verdade.

Poxa, que vida chata que vivemos hoje nesse sentido. Se aproveitamos a inocência e damos risada dela, podemos nos culpar no futuro ao perceber que começamos a construir tudo errado. Se repreendemos e aproveitamos para já “ajustar” a trilha – mesmo que de forma leve – também nos dá a sensação de que não estamos nos permitindo simplesmente viver as coisas em seus momentos mágicos, inspiradores de vida.

Nossa, que difícil.

Ok, ainda existe a possibilidade do meio termo. Ufa! Mas que raios de meio termo é esse? Minha sensação é que nunca me encontro no meio termo, por mais que eu tente. E você? Consegue caminhar sempre pelo meio termo na formação de caráter e valores de seus filhos?

Meu filho assiste a Turma da Mônica. E adora. Se diverte horrores. Já ouvi pais dizerem que não permitem seus filhos assistirem por conta do contexto – o Cebolinha sempre azucrinando a Mônica. Por lidar com o que eu lido hoje e tratar com os pais dessa nova geração, uma das coisas que mais buscamos esclarecer é que não adianta taparmos o sol com a peneira.

Blindar nossos filhos de tudo o que julgamos que pode ser prejudicial não ajuda em nada para que eles criem “anticorpos”. Explicamos isso com mais detalhes de como lidar com isso desde a primeira infância aqui .

E o que eu disse ao meu filho quanto ao bullying?

Eu: “Meu amor, eu fiquei triste por você me chamar de gordinha. Eu não me sinto assim, mas quando você diz isso, você me machuca. Você gosta de me ver assim, sentindo isso?”

Nossa, o riso dele parou na hora.

E ele se apressou: “Desculpa mamãe, desculpa”.

Eu completei: “Tudo bem meu amor, eu sei que você estava brincando. Mas tem certas brincadeiras que deixam as pessoas muito tristes. Você gostaria que eu dissesse que tem algo em você que não é tão legal?”.

E ele: “Não mamãe, porque eu também ficaria triste”.

Aí, meu coração já quase derretido, o chamou para mais perto e disse: “então vem aqui e me dá aquele abraço gostoso!” – aproveitei e apertei a barriguinha dele, dizendo que ali nem tinha nada para eu morder… e nos desmanchamos em deliciosas risadas novamente.

E você, o que tem feito desde a primeira infância buscando ensinar seu filho ou filha sobre bullying e sentimentos que não devem ser represados? 

#talkB4